“Discordo daquilo que dizes, mas defenderei até à morte o teu direito de o dizeres”.
Esta é para mim uma das mais belas definições de Liberdade. E talvez uma das mais inspiradas frases do famoso escritor e filósofo iluminista Voltaire, também ele maçom.
Independentemente das razões políticas, dos interesses económicos ou até mesmo corporativos, que possam ter estado também, de alguma forma, na origem do “25 de Abril”, podemos, sem qualquer sombra de dúvida, afirmar que foi a causa da Liberdade, o grande motor e principal motivo do movimento. Foi ela o denominador comum que, nesse dia histórico, uniu todos os portugueses e trouxe o país inteiro para a rua. A causa da Liberdade, ou talvez, melhor dizendo, da ausência de Liberdade, algo que era então verdadeiramente terrível e nos corroía a todos por dentro, como homens, como povo e como Nação. Faltava muita coisa nesse tempo, mas faltava sobretudo a Liberdade.
A Liberdade da escolha, do amor, da tolerância, da fraternidade e do respeito pelo outro. A mesma Liberdade que hoje nos permite reunir, decidir, eleger, participar, dizer afinal aquilo que quisermos, de quem muito bem entendermos. E isto, que parece hoje tão simples, tão natural, tão óbvio, é algo afinal absolutamente extraordinário.
É muito difícil explicar este sentimento, esta emoção, este apego à Liberdade, a alguém que nasceu um ano depois de mim. É impossível transmitir a pessoas que em 74 tinham menos de 15 ou 16 anos de idade, o que era viver diariamente na desconfiança do amigo ou do vizinho, que podia ser “bufo”; no medo de ler, escrever ou dizer algo que nos levasse à polícia; no terror de chegar aos 18 ou 20 anos e poder acabar morto ou mutilado, como muitos, numa guerra inglória, então condenada pelo mundo inteiro.
Tentar explicar isto a quem nunca o vivenciou ou que era então demasiado pequeno para entender, é um pouco como querer viver a maçonaria, apenas pelos livros, sem conhecer a iniciação e o verdadeiro trabalho em egrégora.
Pensando bem, mais do que “25 de Abril sempre”, faz sentido gritar “Liberdade sempre”. A data, importante por tudo o que representa historicamente, por toda a transformação que produziu, não passa afinal de uma referência simbólica. Mas a Liberdade, essa é o seu verdadeiro conteúdo. É o alfa e o ómega da revolução.
Os grandes valores de Liberdade, de tolerância e de fraternidade, fazem desde sempre parte do código genético da nossa democracia, estarão sempre impregnados no ar que a nossa Pátria respira. Enquanto homens livres e de bons costumes, cumpre-nos a todos nós amá-los, preservá-los, defendê-los e sermos os seus eternos guardiões.
Seremos sempre, enquanto maçons, guardiões do Templo do Amor e da Liberdade.
Lisboa, 25 de Abril de 6017
Francisco, V:. M:.