São Jorge e o Rito Português

Informação sobre o São Jorge e o Rito Português, apresentado no dia 25 de Abril 2015, na Cappadocia/Turquia, (local onde nasceu o Santo Ecuménico) no âmbito do IV Simpósio Maçónico Internacional, com a presença de cerca de 600 pessoas.

Há provavelmente poucos dias na história da Humanidade onde não houve conflitos entre povos.

Cada vez que uma Guerra acontece, há a necessidade de Entendimentos, Diálogos e Pontes.

São raras as “Pontes” que existem, sem a mácula de interesses pessoais ou institucionais.

Uma dessas raras pontes é São Jorge !

Não estamos apenas a falar dum homem nascido na Capadócia, que foi um soldado Romano e que por causa da sua fé se tornou Mártir e depois Santo.

Estamos sim, a falar do Paradigma dum Homem que uniu gente de diferentes raças e distintas culturas e religiões, exatamente o mesmo que Maçonaria almeja !

No novo Rito Português, São Jorge assume-se na plenitude da sua dimensão Espiritual e Ecuménica.

São Jorge é um Santo Eclético. Ele é conhecido e respeitado pelos muçulmanos, bem como venerado pelos cristãos em todo o Oriente Médio, do Egito à Ásia Menor.

Há uma tradição na Terra Santa, que leva cristãos e muçulmanos ao santuário de São Jorge em Beith Jala. Os Judeus também acreditam na crença de que o profeta Elias foi lá enterrado.

Pensa-se que os Cruzados ingleses, que ajudaram o Rei Dom Afonso Henriques a conquistar Lisboa, em 1147, terão sido os primeiros a trazer a devoção a São Jorge para Portugal. No entanto, só no reinado de Dom Afonso IV de Portugal o uso de “São Jorge!”, como grito de batalha, se tornou regra, substituindo o anterior “Sant’Iago!”.

O Santo Dom Nuno Álvares Pereira, Mestre de Cerimónias do Reino, considerava São Jorge o responsável pela vitória portuguesa na batalha de Aljubarrota. A Ermida de São Jorge testemunha esse facto. O Rei Dom João I de Portugal era também um devoto do Santo e foi, no seu reinado, que São Jorge substituiu Santiago como padroeiro de Portugal. Em 1387, ordenou que a sua imagem a cavalo fosse transportada na procissão do Corpus Christi.

Assim, séculos mais tarde, chegaria ao Brasil.

A SIMBOLOGIA INICIÁTICA DE SÃO JORGE

A simbologia contida na imagem de São Jorge, resume todo o trabalho interior a ser feito pelo Homem para estar em sintonia consigo próprio e com os outros, bem como ascender à sua Individualidade, ao seu Eu Superior.

Nesta sua imagem, montado num cavalo branco, vence um grande dragão. O Cavaleiro, o Corpo Mental, domina o Corpo Físico (o Dragão) e controla o Corpo Emocional (o Cavalo).

Apenas depois desta luta (batalha interior) consegue salvar a Dama (corpo espiritual), ou seja, sintonizar-se com o seu Eu Superior.

Esta sintonia pretende atingir não apenas uma ascensão espiritual, mas também um aumento da sua vibração energética e consequentemente uma evolução na sua vida terrena e material (o que está em baixo é como o que está em cima).

Quando invocamos São Jorge não estaremos somente a invocar o seu arquétipo protetor mas também a perpetuar a sua mensagem de harmonização do Homem e da sua evolução em todos os aspetos.

É pois esta a intenção profunda da Aclamação Portuguesa, um gesto fraternal de Amor Universal.

A Aclamação (São Jorge) tem dois momentos que se integram, o Venerável Mestre, do Oriente, invoca, as colunas confirmam.

É uma Aclamação que deve ser dita com intensidade e que pretende grande impacto energético.

O Punho Fechado Levado ao Coração

A saudação do Rito Português, o punho fechado levado ao coração, recorda, simbolicamente, que o nosso Espírito é entregue a São Jorge, para que os trabalhos decorram de forma Justa e Perfeita. Este gesto simboliza também a abertura do chacra cardíaco, o chacra do Amor.

Assinalamos que o caráter ecuménico e eclético do Rito Português, a ser trabalhado por comunidades em que outras religiões, que não a cristã, sejam dominantes, foi tomado em conta. Os diversos credos dos maçons regulares dispõem de referências semelhantes à de São Jorge, podendo substituir o significante da aclamação sem desvirtuar o seu sentido e significado.

Numa altura conturbada a nível mundial, São Jorge personifica a mensagem da Cavalaria Espiritual e dos seus princípios não só relativamente à Humanidade em geral, mas também a cada ser humano em particular.

O Cavaleiro está ao serviço da Humanidade pela graça de Deus, servindo o seu país e o seu povo mas também a própria humanidade.

A Maçonaria é uma das vertentes dessa Cavalaria Espiritual e a mensagem de busca e combate pela “Verdade” de São Jorge é algo que deve ser perpetuado pelas gerações futuras, pois um mundo sem Verdade é um mundo que definhará.

A missão da cavalaria espiritual é por isso uma missão de serviço ao povo, à pátria e a Deus.

No Rito Português, a cor das velas bem como nos aventais, são Verdes, na tonalidade mais próxima do verde da Bandeira Portuguesa.

Reúne os seguintes atributos:

  • é a cor da esperança, da liberdade e vitalidade;
  • está associada ao crescimento, à renovação e à plenitude;
  • é uma cor que harmoniza qualquer ambiente e traz boas energias; o verde traz equilíbrio ao corpo e ao espírito.

O Verde (da Bandeira Portuguesa) é o da Ordem de Avis (Ave ou Pomba) que representa o Espírito Santo.

É nas noites mais escuras que as estrelas brilham mais.

O Mundo está novamente a mudar.

As antigas alianças geoestratégicas estão a colapsar.

Hoje, mais do que nunca é necessário construir novas.

São Jorge é uma dessas Pontes !

JPD, V.’.G.’.M.’.