À GLÓRIA DO GRANDE ARQUITECTO DO UNIVERSO
Venho duma Loja de São João, onde se exalta a Virtude e se combate o Vício.
Venho aqui vencer aqui as minhas Paixões, submeter a minha vontade e realizar novos progressos na maçonaria.
Aqui do lugar onde me encontro, venho falar-vos de símbolo e silêncio. E de como sinto que o meu meu caminho para a virtude se pode percorrer aprendendo os símbolos em silêncio.
Símbolo é o que “está em vez de”. Aliquid stat pro aliquod e determina algo, através do conhecimento do qual, se pode conhecer algo mais.
Símbolo remete para uma ideia de representação, de um quod ínsito à natureza da linguagem. É pelo símbolo que se gera um encontro particular entre uma determinada invisibilidade – ou indizibilidade – que não se conforma nunca plenamente no que é visível – ou dizível.
O símbolo designa e supera. É através dele que se suplantam as condições de enunciação permitindo ao aprendiz sair de si. Permitindo-lhe exumar-se ao tempo finito da vida, o nosso Kronos, e ao mesmo tempo aspirar a transformá-lo, pela aprendizagem, em memória. Podendo assim aspirar ao tempo infinito da oportunidade, ao Kairos.
O símbolo, estando na génese da linguagem, é trave mestra para para o conhecimento, e vértice da imortalidade; e a linguagem, por isto mesmo, um objetivo a que se pode aspirar apenas se nosso elevar-nos espiritualmente, combatendo e vencendo as paixões que nos prende ao mundo material e nos iludem, suplantando desejos e vontades que não são mais que produto de egoísmo intrínseco, próprio de qualquer alma em estado bruto, a quem é, por virtuosidade maçónica, concedida a graça do silêncio.
Pois como poder da cobra está na sua língua, o poder do símbolo reside no silêncio.
Neste lugar onde me encontro, o meu tempo é agora o Kairos, e esta, sendo a minha primeira voz no templo, é simultaneamente a minha primeira vez e a minha primeira oportunidade.
Neste processo de aprendizagem iniciático, recebo hoje esta responsabilidade nova, que consiste em poder abandonar por momentos o privilegio concedido do silêncio, e poder partilhar convosco aquilo que, do meu lugar, tenho podido compreender.
Pude ouvir e observar, num processo sem som, signo e símbolo, e refletir interiormente na sua importância. Pude aprender, sem intervir. Crescendo interiormente, na esperança de poder reconhecer a verdadeira sabedoria.
Sou pedra bruta, mas será que sou também matéria dúctil?
Procuro polir-me, libertar-me das minhas arestas profanas, que nos dias comuns da vida quotidiana, limitam a o meu conhecimento e dificultam a minha compreensão do mundo.
É aqui no templo, de onde emana toda a virtude, que buscamos a sabedoria que nos permite alcança-la, e só então depois, conseguir compreender como é que a linguagem a pode fixar.
Aqui do lugar de aprendiz onde me encontro a Força é muda. Porque em mim, apenas muda, ela pode almejar a ser virtuosa.
Aqui busco a virtude, sem a graça da linguagem, sentindo por dentro a sua Força, ainda só potencia, ainda sem uma forma consumada.
Busco a virtude na humildade descalça da minha condição, como a pedra bruta busca a sua forma lisa.
Aqui neste lugar onde me encontro procuro encontrar em nós, que sou eu em vós, e na dinâmica e simbolismo do nosso ritual, o caminho que me permita abrir a mente para a realidade de um mundo superior, podendo beneficiar das energias positivas de todos vós, pois só assim poderei vencer os meus pensamentos negativos.
Saiba eu percorrer em silêncio este caminho dos símbolos!
Que a sabedoria presida e a força complete, o que a beleza decora.
A Oriente de Sintra
Disse
JD, M.’.M.’.