O decurso vivencial de todos nós implica a noção de trajecto e independentemente das perspectivas que subjectivamente se podem adotar, ninguém negará que, a problemática ou a vivência da “caminhada”, constituiu desde muito precocemente na história da cultura humana, aquilo que a antropologia designa como, um “Universal da Cultura”. Gradualmente mitificadas e actualizadas, em certos períodos por meio de rituais, na maioria das culturas, tais práticas, demandaram igualmente a adopção de marcadores espaciais na paisagem. Desde as culturas megalíticas atá à época moderna, esse “caminhar” encontra a sua visibilidade em inúmeros exemplos, como sejam os vestígios de Stonehange , Almendres, Odrinhas, etc. e em épocas mais recentes, integrando as práticas do cristianismo, como as peregrinações em, Santa Eufémia (Sintra) Bom Jesus do Monte, Senhora dos Remédios ou Carmelo do Buçaco, ou dezenas de outros exemplos possíveis.
As asserções precedentes, pensamos, seriam suficientes para motivar a partilha de uma singela experiência de reflexão e convívio, que se inscreve nesta problemática, que propomos ocorrer no dia oito de Outubro, pelas 10 horas da manhã (o convite formal para a participação, bem como o programa, seguirá dentro em pouco).
A concentração dos eventuais interessados, efetivar-se-á, no parque de estacionamento do “exotérico” convento dos Capuchos (Sintra).
Seguir-se-á, deslocação em viatura até outro estacionamento, na base da Ermida da Peninha/Palacete de António Augusto Carvalho Monteiro/ ruínas da ermida de São Saturnino.
Este complexo, não costuma estar acessível ao público (apenas as ruínas), porém, estamos a desenvolver os maiores esforços para que seja franqueada a entrada. Senão apenas poderemos examiná-lo do exterior o que igualmente se revela interessante. A partir deste ponto, acede-se ao trilho para inicio da caminhada conducente ao misterioso tholoi (?) ou anta de Adrenunes, com regresso ao ponto de partida (Peninha). Propomos a seguir um almoço – convívio no restaurante “O Farol” em Malveira da Serra.
-As narrativas eventualmente produzidas no decorrer desta visita, introduzem os participantes na vastíssima problemática implícita nas subsequentes visitas de estudo e convívio que a GLUP propõe para este ano, em convergência com idêntica estratégia formativa de algumas R:.L:..
Numa breve alusão a propósito de trajectos, caminhadas ou peregrinações lembramos que diversos autores dedicados ao saber esotérico reclamam serem sete (número mágico por excelência), os caminhos (ou peregrinações) esotéricos de Portugal.
-O Número sete, numero da vida no seu aspecto mais misterioso e secreto corresponde igualmente à perfeição das realizações humanas. Diversos estudiosos têm abordado esta temática, nomeadamente José Manuel Gandara , autor deveras interessante mas(sobre o qual por vezes sou pouco concordante. Por exemplo, na minha óptica porque não igualmente o número cinco que na sua omnipresença, conduz directamente à divina proporção e ao Phi!
“As sete peregrinações, revelam as energias e a simbologia de sete pontos chave, onde vai implícito um deambular por um universo de símbolos e significações, irradiando de pontos bem localizados, solicitando um peregrinar a quem se disponha a reencontrar-se a um mais elevado grau de consciência do Cosmos e do lugar que ocupa num dado momento do seu percurso interior.
Uma PRIMEIRA PEREGRINAÇÃO, é o CAMINHO do RECONHECIMENTO, passando sucessivamente pelas igrejas de Santa Maria do Olival, Santa Iria, São João Baptista, Castelo e Convento de Cristo, proporciona a possibilidade de encontrar a nossa relação com o mundo e ligarmo-nos às origens cósmicas para entendermos a razão da vida.
Deambular sobre a égide de SATURNO pois que representa:
- A avaliação racional da vida sobretudo os aspectos menos positivos;
- Acompanha o “eu” na solidão;
- Reforça a introspecção, preparando-nos para as premonições das adversidades inevitáveis;
- Fortalece a força de ânimo, a coragem e a autoconfiança;
- Motiva para a precaução perante a desconfiança e as más previsões
Uma SEGUNDA PEREGRINAÇÃO, é o CAMINHO DO MÉRITO no Mosteiro dos Jerónimos. Sob a égide de JUPITER:
- Representa o optimismo perante a vida;
- O sentido da coordenação;
- A tendência para equilibrar o instinto e a razão
- Relaciona-se com a inteligência intuitiva; autoridade, o conforto, a riqueza, a dignidade a filantropia; o sentimento de justiça;
- Trabalha-se a TERRA, o nosso lado mais denso. Trata-se de entender a nossa relação com os bens materiais.
TERCEIRA PEREGRINAÇÃO, pelo Mosteiro da Batalha. È o caminho por MARTE:
- O CAMINHO DO DOMÍNIO.
- Representa a condição da vida; a relação agressiva com o mundo exterior,
- A paixão violenta, a conquista, a acção e a realização; a bravura;
- A sobrevivência, a força, a energia, a extroversão
- Nesta peregrinação trabalha-se a ÀGUA. O nosso lado mutável a passagem do exterior para o interior.
QUARTA PEREGRINAÇÃO, pelo Mosteiro de Alcobaça. È o caminho por VÉNUS em que se regem as: -Emoções, os sentimentos, os afectos, a ternura a sedução, a sensualidade, a amizade, a bondade, a harmonia:
- É o CAMINHO da PARTILHA
- Relacionada com a Inteligência emocional, implica as artes, as emoções pelas formas, cores, sons e movimentos.
- Na quarta peregrinação trabalha-se o FOGO
QUINTA PEREGRINAÇÃO pelo Caminho de MERCURIO, na Quinta da Regaleira:
- È o CAMINHO da PASSAGEM;
- Mercúrio representa a relação mental com o mundo exterior, a perfeição intelectual, os contactos com o mundo pela expressão, comunicação, crítica e adaptação.
- Indica a capacidade de análise, versatilidade, eloquência, e a capacidade de gestão.
- Relaciona-se com a comunicação, contactos sociais literatura e estudo.
- Na quinta peregrinação trabalha-se o AR, projectando-nos de forma controlada ao mundo exterior.
SEXTA PEREGRINAÇÃO, pelo Palácio da Pena. È o caminho pela LUA:
- È o CAMINHO da ESCOLHA
- A Lua representa o EU receptivo, a mudança, transformação, o não racional e a sensibilidade.
- Indica a fantasia, a criatividade, a imaginação e a contemplação
- Relaciona-se com a fertilidade, as forças naturais, a vida interior, o instinto maternal,
- Rege a clarividência e o magnetismo
- Nesta peregrinação desperta-se pela RAZÃO, a possibilidade de realizar a OBRA
SÉTIMA PEREGRINAÇÃO pelo Convento de Mafra. È o Caminho pelo SOL
È o CAMINHO da REALIZAÇÃO
- O Sol Representa o EU consciente, a vontade a capacidade afectiva, a relação com a vida, o idealismo -A evolução, a energia psíquica.
- Indicia a capacidade de organização, a lealdade, a espiritualidade,
- Relaciona-se com a autor dade, o êxito
- A alegria de viver e a relação com os Planos Divinos.
- A sétima peregrinação faz o julgamento do passado e elabora planos para o futuro de acordo com a capacidade de viver o presente”.
A Biblioteca do Convento de Mafra comporta alguns volumes (sobreviventes dos processos de destruição pela visão ortodoxa) sobre Esoterismo, Alquimia e Magia. São volumes essencialmente dos séc. XVII e XVIII, alguns dos quais tem aposto a decisão do Santo Ofício da proibição da sua leitura.
Exemplos:
- De Occulta Philosophia de Cornelio Agrippa
- Bibliotheca Universallis de Conrado Cesner
- Magia Naturalis, sive miraculis reum naturalium de Giambattista Della Porta
- Kabbala Denudata de Cristhian Knorr Von Rosentoth (Fernando Pessoa possuia um exemplar anotado)
Com um enorme abraço amigo e solidário do Fernando Casqueira
GP/GLUP
PVM/SBA