Ser Português: Reflexão

Vaticina-se a necessidade imperiosa (ou a possibilidade) de se alcançarem novas “Índias” situadas num algures de uma intemporalidade e de um espaço apenas imaginado, presente afinal, nos sonhos de todos nós.

Não recusando a dimensão pragmática da ciência e da técnica, com um pé na redutora historicidade das coisas do quotidiano, a relevância do onírico possibilita melhor o encontro com a intrínseca espiritualidade da missão do “ser português”. Já antes de um Fernando Pessoa, de uma Dalila Pereira da Costa ou de um Agostinho da Silva (e muitos outros depois deles) se afirmava (adivinhava?) a missão incita no devir da nossa colectividade nacional. Dirão alguns que se trata apenas de mitologia, esquecendo-se que o mito ou a sua crença, constituem afinal um dos mais poderosos motores para a acção. Por isso, mais que perceber a oceanografia, dominamos os oceanos, exorcizando medos (nossos ou de velhos do Restelo) e torneando obstáculos que a “estranha” flexibilidade que nos caracteriza sempre permitiu. Que o diga a inaudita e multifacetada diáspora portuguesa iniciada com os descobrimentos e extensível à actualidade.

Num certo sentido (maçónico por exemplo), alguns propõem (com razão, diga-se), que o nosso trajecto histórico contem analogias com um caminho iniciático que venceremos com a ajuda de entidades psicopômpicas como sejam os nossos antepassados heróis, sábios filósofos, pensadores, incluindo o Professor Agostinho da Silva.

-A visão manifestada pelo GLUP ao adoptar o Rito Português e ao implicar uma forma diferente de ser maçon, pretende levar à consciência a decisiva importância de um horizonte espiritual sempre presente na nossa Mito-história.

Daí a importância que o GLUP atribui à informação multivariada, ao estudo transdisciplinar e á reflexão crítica sempre em processo, constantemente presentes no espírito e no método daquele Professor. Mas atenção, isso exige sacrifícios, nunca se alcança o êxito pleno sem previamente se experimentar a dor. Portanto é inegável a presença, no processo iniciático, de uma pedagogia em ordem a um aumento da consciência e clarividência. A nós cabe-nos certamente fornecer as ferramentas mais adequadas ao desempenho das tarefas, levando “a bom porto” a conclusão da obra a que nos obrigamos.

Este “ser português”, afinal o nosso desiderato e o nosso objecto, pode ser dedutível da mito-análise, sobre os momentos (“moimentos/monumentos”) da nossa história. Proponho então um olhar sobre uma narrativa fundacional que envolve um dos nossos pais fundadores desde ainda antes de Afonso Henriques.

Grande TAF

Fernando Casqueira
R:.I:. G:.P:.B:. / V:.M:.