Neste que é o nosso segundo Boletim, quero recordar e enaltecer três dos desígnios que pautaram a criação da nossa Grande Loja Unida de Portugal, a Cultura, a Formação e a Educação.
O conceito de cultura está intimamente ligado ao conceito de formação. Na génese da Grande Loja Unida de Portugal, tivemos esta preocupação, pois se pretendemos refundar os verdadeiros Landmarks da Maçonaria, tal só será possível com formação, educação e cultura.
Temos sido responsáveis pela construção de uma Nova Maçonaria em Portugal. Uma Maçonaria onde gente de bem tem encontrado espaço para intervir e entregar-se ao trabalho em favor da sociedade. Temos orgulho em dizer que somos Maçons!
Queremos continuar este nosso caminho, o qual só será possível se continuarmos a saber formar aqueles que hoje integram esta Grande Loja e que nos permita a todos possuirmos as bases do conhecimento maçónico. Realizámos a segunda edição Anual de Formação, este ano na Cúria, onde pudemos todos aprender quais são os nossos fundamentos e como devemos pautar a nossa ação para construirmos uma sociedade melhor.
Assistimos na sociedade profana a uma ausência de valores, que entendemos estar intimamente ligada a uma ausência de políticas educativas e concomitantemente de cultura. Vivemos a experiência de uma sociedade afundada no assessório, esquecendo o essencial, a justiça, a educação e a solidariedade para com os que nos rodeiam.
Cultura é para nós um conceito usado genericamente para falar da totalidade dos valores e das práticas humanas. Neste sentido, cultura é tudo o que é produzido pelo ser humano enquanto não é próprio da natureza e nós Maçons devemos ter orgulho pela marca que deixamos e continuamos a deixar para as gerações vindouras.
Por norma, assistimos a que os produtos culturais são desvalorizados. A falta de uma educação e formação que permitam uma leitura das obras literárias ou artísticas é um dos problemas a que hoje assistimos e para os quais temos que agir. Temos que continuar este trabalho de incentivo aos nossos Irmãos, que com dotes nestas áreas da cultura, mantenham através de exposições de arte, da música e da literatura, vivos os nossos princípios e os nossos valores.
Foi com este pensamento que criámos no nosso seio duas novas funções de Grandes Oficias, o Grande Oficial das Artes e o Grande Preceptor e Bibliotecário. Foi com esta estratégia que há um ano realizamos a nossa primeira Jornada de formação Maçónica e que agora voltamos a replicar, sempre com o fundamento de instruir e passar o nosso humilde conhecimento àqueles que farão desta Grande Loja, uma Instituição de reconhecido mérito.
Somos nós Maçons, que neste ano que comemoramos os 300 Anos da Maçonaria, temos que dar os sinais que a Instituição Maçónica é algo de bom e necessária à sociedade. Continuaremos a trabalhar no sentido de nos aproximarmos à sociedade, começando por aqueles que nos estão mais próximos. Conseguimos auxiliar os nossos vizinhos, os Bombeiros do Beato, a concretizar o seu desígnio de salvar pessoas, nomeadamente através da nossa oferta de um barco, um semirrígido. Iremos desenvolver um conjunto de actividades, das quais destaco o concerto que iremos oferecer à população do Beato através da sua Junta de Freguesia, no próximo dia 9 de Julho e cujo mote será “Mil vozes por um livro”, no qual cada um de nós dará um livro em troca do ingresso no referido espetáculo.
Seremos nós, através desta nova Maçonaria que surgiu em Portugal que ajudaremos a construir uma sociedade melhor. Uma sociedade onde os nossos princípios e valores estejam sempre presentes. Onde a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade sejam praticadas e possamos reafirmar que foram 300 Anos pela Liberdade e Solidariedade e que continuaremos a trabalhar pelo bem da sociedade.
Foi atenta esta temática, que no passado dia 27 de Abril, comemorámos a “Maçonaria e a Liberdade”, pois a democracia é um desejo e um ideal pelo qual devemos lutar, pois nunca está pronta como demonstra a inacessibilidade da cultura.
Mas como poderemos nós Maçons ajudar a que a sociedade esteja mais receptiva e que o aceso à cultura seja para todos… O problema do acesso à cultura é ele mesmo um problema cultural. Este nosso segundo Boletim, encerra em si mesmo a resposta a esta questão, temos que continuar a saber fazer um recrutamento dentro dos melhores, para que continuemos a produzir trabalhos, pranchas de elevada qualidade, que nos permitam a abertura da mente e do espirito para que possamos na vida profana, trabalhar, desenvolver e assistir a manifestações de cultura, nas quais nos vejam como exemplos de Homens cultos, livres e de bons costumes.
Paulo Cardoso
Grão-Mestre da Grande Loja Unida de Portugal